Ouvindo o Evangelho a Tempo

Quando eu era pastor da Igreja de Dale, em Toronto, tive uma experiência que me convenceu, como jamais havia feito, da seriedade do meu chamado. Foi repentina, e ainda posso lembrar-me do chamado telefônico que me despertou da indiferença e me fez ir depressa para o lado da cama de uma pessoa angustiada.

“Pode o Sr. vir ver uma mulher doente?”


“É urgente?”


“Sim, muito; talvez ela viva até o amanhecer”.


“Bem, irei imediatamente”, e coloquei o fone no gancho.


Fui através das ruas da cidade, logo cheguei ao lugar e fui levado imediatamente ao quarto da enferma. Um mulher, com expressão triste e infeliz, olhou para mim quando entrei. Ela tentou falar, mas a sua voz estava tão fraca que eu tive de abaixar-me para ouvir o que dizia. E senti que estava realmente em pé na presença do Anjo da Morte, pois era fácil ver que a sua vida desvanecia.


Na sua fisionomia a falta de esperança se desenhava, enquanto ela esperava que eu falasse; e as trevas pareciam aprofundar-se à medida que eu observava aquele rosto pálido, magro, envolto na sombra de um desespero quase desesperançado. Não havia tempo a perder; não havia tempo para falar das coisas deste mundo; o seu destino eterno estava em risco.

“Sra. Charles, está preparada para partir? Tem a Sra. alguma esperança?” perguntei-lhe ao abaixar-me para ela.

“Não, nenhuma”, murmurou ela, sacudindo a cabeça, deixando escapar um profundo suspiro.

Expliquei-lhe, do modo mais simples que pude, o maravilhoso plano da salvação, e, ajoelhando-me, orei com ela, e, então, cantei baixinho:

“Tal qual estou, eis-me, Senhor,
Pois o teu sangue remidor 
Verteste pelo pecador,
Ó Salvador, me achego a Ti!” 
“Tal qual estou, sem esperar
 Que a vida possa a vida melhorar,
Na tua graça confiar, 
Ó Salvador, me achego a Ti!”

Enquanto cantava a segunda estrofe, ouvi a sua voz fraca, insegura, trêmula, procurando cantar comigo.

Ás vezes, eu podia distinguir as palavras, mas eram quase sempre ininteligíveis, até que cheguei ao último verso, e então ela cantou com o coração e a voz:

“Ó Salvador, me achego a Ti!”

E ela veio, veio com toda a certeza de fé; e eu a deixei sabendo que tudo estava bem e que ela estava indo para o Lar com Deus.

Ela era, entretanto, um membro da Igreja, mas um membro não convertido. A conversão era a sua grande necessidade, pois a Palavra de Deus afirma, de maneira clara e enfática, que “se não vos converterdes, de modo algum entrareis no reino dos céus,” Mateus 18.3. E enquanto ia para casa, o meu coração estava triste e gemi em voz alta pensando da terrível responsabilidade que pesa sobre os ministros que permitem que as pessoas se tornem membros das igrejas sem nascerem de novo.

Não vi mais a Sra. Charles até que, em pé ao lado do seu caixão, olhei para o seu rosto frio e morto. E enquanto pregava o sermão fúnebre, resolvi, mais do que nunca, abandonar tudo e entregar-me, sem reserva, a grande obra de preparar as pessoas para o Céu.

Meu amigo, está você preparado? Que aconteceria se você morresse de repente – estaria você não preparado? Talvez você também seja membro da igreja, membro mas não convertido.

Ó, então, permita-me apelar-lhe que procure ter certeza do seu chamado e eleição. Permita-me apelar-lhe que aceite a Jesus Cristo como seu Salvador pessoal enquanto há tempo. Quer fazê-lo? Faça-o e faça-o AGORA.

Este folheto teve pequenas alterações, o original foi escrito pelo pastor, missionário e escritor canadense Oswald Smith, a passagem foi retirada do livro Vem Cear O Mestre Chama, editora O. S. Boyer, 1963.

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